quinta-feira, 2 de abril de 2015

Pombos-correios batem recorde em SC e encantam criadores em todo o Estado

Pombos-correios batem recorde em SC e encantam criadores em todo o Estado

Pombos-correios batem recorde em SC e encantam criadores em todo o Estado Julio Cavalheiro/Agencia RBS

Se Santa Catarina vivenciasse o maior apagão de sua história, como ocorreu em Florianópolis em 2003, e se, além da energia elétrica, as linhas telefônicas e a internet também fossem afetadas, você acredita que haveria uma outra maneira de se comunicar? Não acredita? Mas teria.

O único meio de comunicação quando todos os demais não funcionam ainda é utilizado: o pombo-correio. Sim, ele não está extinto e ainda sabe como nenhum outro animal do planeta a voltar para casa mesmo a muitos quilômetros de distância. A Federação Catarinense de Columbofilia sabe disso e no último mês bateu um novo recorde. Em uma competição de pombos-correios, as aves viajaram 871 quilômetros a uma velocidade de aproximadamente 70 quilômetros por hora.

Os 91 pombos atletas que participaram da corrida deixaram a Capital dia 17 de novembro, em um sábado de madrugada, por volta da 1h, com destino a Uruguaiana, munícipio gaúcho que faz fronteira com Argentina e Paraguai. Chegaram a cidade às 18h. Foram alimentados, descansaram e no amanhecer de domingo foram soltos. No final da tarde, a pomba de um ano do presidente da federação, Marcos Antônio Machado, ganhou a competição e retornou ao pombal, em Florianópolis, antes das 19h. A partir daí ganhou o nome de Uruguaiana.

 
Para ganharem porte atlético, pombos treinam todos os dias 
Foto: Júlio Cavalheiro
Estas competições ocorrem todo mês e envolvem apaixonados por pombos-correios de todo o Estado. Eles esperam os pombos retornaram como uma mãe espera o filho voltar para casa, olham pela janela, caminham em círculos, roem as unhas, olham para relógio. 

Estes pássaros são os únicos que conseguem voltar ao seu local de origem, mesmo sendo soltos a centenas de quilômetros de distância de casa. A resposta para isso, apesar de pesquisas científicas apontarem hipóteses como justificativas, ainda é um mistério. A mais forte delas, é que eles tem um tipo de bússola no pico e conseguem retornar de ondem partiram, mas como eles voltam exatamente para o mesmo pombal, em um casa com número e rua específicos, isso até hoje ninguém sabe responder. 

É por este misto de mistério e ciência, que os columbófilos dedicam boa parte de suas vidas ao cuidados destes animais. Segundo a Federação Nacional de Columbofilia, não há dados de quantos pombos-correios estão registrados no país, o que se sabe é que somente no estado mineiro são distribuídas mais de 100 mil anilhas por ano (elas representam o número de pombos-correios nascidos no Brasil com registro). Em SC, o número é bem inferior, cerca de 1.500 anilhas por ano. Mas o amor que estes columbófilos (criadores de pombos) tem pelas aves não está em estatísticas.
 
Os pombos-correios são soltos todos os dias e sempre voltam para o pombal
Foto: Júlio Cavalheiro
A Federação Catarinense de Columbofilia, com sede no bairro Coloninha, na Grande Florianópolis, tem mais de 30 associados. Todos investem recursos próprios para manutenção no esporte no Estado. Dividem por igual os custos das viagens e equipamentos para as competições. Em casa, dedicam boa parte de seu tempo para o cuidado dos pombos. O presidente da federação, por exemplo, já teve em casa 180 pombos, hoje se contém com 60 e senão tivesse um comércio para tocar, conta que gastaria todo seu tempo com os animais. 

— Às 7h eles são soltos para voar por uma hora, faz parte do treinamento diário, enquanto voam eu limpo todo o pombal e preparo a alimentação para quando eles voltam. Só depois que eles voaram, comeram e o local onde dormem está limpo é que meu serviço está pronto — conta. 

Documentário premiado destaca as competições em SC
Filho de um columbófilo, Richard Valentini, formado em cinema pela Unisul, até pouco tempo não entendia porque o pai gostava tanto dos pombos. Até que em 2010 parou para observar as aves e se deslumbrou com o fato delas sempre voltarem para casa. Entre agosto e dezembro do mesmo ano se debruçou na gravação de um curta metragem para retratar como ocorre as competições na Grande Florianópolis e como é esta espera no retorno das aves pelos seus criadores.

 
Documentário sobre a história dos pombos ganhou o 4º Prêmio Funcine 
Foto: Divulgação

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